13 de abril de 2012

Reticências


  
   Lembra-se da primeira vez em que nos falamos? Meras amenidades, discutimos sobre o tempo, acho que comentei como o dia estava quente... Acredita se disser que ao fechar os olhos ainda enxergo o céu azul daquele dia de verão? “Já era amor antes de ser” como já dizia Clarice Lispector, eu era só uma garota, você, um garoto qualquer (dos mais lindos olhos que já vira, é preciso ressaltar), mas num instante, não sei ao certo dizer qual, sabia que era você. Sabia que éramos nós. E embarquei nesse saber, nessa incerta certeza.
   Descobri inúmeros novos sentimentos, dos quais não sabia das verdadeiras dimensões, sentimentos doces e sentimentos amargos, como dias tempestuosos... Descobri minhas melhores qualidades e os piores dos defeitos, me descobri por completo. Aprendi, ah e como aprendi... Sobre tanta coisa, sobre o mundo, sobre você, sobre a vida... Mas também desaprendi, esqueci como é ser sozinha, esqueci como é não te ter aqui comigo.
  Sabe quando digo que odeio pensar demais? Minha mente viaja para lugares, começa a ver verdades que não quero ver, enxerga além do alcance que não quero enxergar. E aí me questiono a pior das indagações, a mais inquietante... E o amanhã? O que vai ser de nós, ou melhor, o que vai ser o “nós”, se tornará no “eu” e no “você”? Mas quando esses pensamentos me invocam de aparecer constantemente, ligo o botãozinho da ignorância, a qual sou muito grata, entro no meu modo utópico, onde não há amanhã, apenas o hoje e tudo fica mais bonito. Por isso cada olhar é o mais importante, cada dia foi o mais perfeito, cada beijo é como se fosse o último, não... Não é um melodrama, só gosto de mostrar o que sinto de verdade em cada pequeno ato, para que não haja dúvidas. E assim como nesse texto, repleto de reticências, escrevo um tantinho da nossa história, e que o ponto final se demore a chegar e que seja um livro inacabado guardado no fundinho da última gaveta, repleto de sabedoria, de romances, dramas, comédias e lágrimas, mas que não revele a trama final, que ninguém saiba se a mocinha e o herói tiveram seu final feliz.
  Queria encontrar novos meios para falar do meu amor, não consigo encaixar tamanho o meu sentimento numa frase de três palavras, me parece tão pouco, insuficiente... Mas o que te dizer? Não é nas palavras que conseguirei lhe contar, é no olhar, aquele te lanço quando não estás me vendo. Juro, tenho vontade de chorar, de amor... Acredita? Custo a crer que alguém tão incrível faz parte da minha vida e parte de mim, custo a crer que sou digna de tanto e que sou capaz de doar tanto de mim a outro ser, sem esperar nada em troca.
 E termino aqui a introdução do manual do meu amor. Calma, esse é o suficiente para você, para não perder o costume, acabarei com aqueles três pontinhos que são capazes de nos levar até o infinito e com eles a minha tentativa de mostrar que o meu amor é assim, sem fim...

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