5 de fevereiro de 2012

janelas do medo


 Gritos, dor, escuridão, confusão. Agonizantes, revoltantes. Faça-os parar! Faça-os parar! Da minha cela vejo o Sol entrar pelas grades que me cercam, sinto o pouco do ar fresco. Gritos, gritos... 
  Estranho, a porta está aberta, o dia me convida, mas não posso sair, não quero, é seguro aqui! As sombras passam diante de mim, a passos pesados, são grandes, intimidadoras, engolem tudo pela frente em sua negritude... São o medo. Nas ruas jazem as flores, perderam o brilho, perderam a cor, o aroma, a vida. O silêncio paira aqui dentro, há dias não ligo a TV, não compreendia mais, falaram uma palavra engraçada, que não ouvia há algum certo tempo... Paz. Ri melancólico com a lembrança, e por um instante me perdi nela mas então tudo voltou a ser escuro, a sombra passava diante de mim mais uma vez, trazendo com ela a tristeza de novo, e eu só observava.
  Inércia. Somos estátuas que estampam a face do medo, a desconfiança e a desesperança,  a mercê daquilo que chamam de sistema, a mercê da hipocrisia do sistema. Gritos, gritos... Silêncio. Mais uma flor jaz no chão e enquanto isso as sombras passam diante da minha porta... 

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