21 de outubro de 2011

estranhos conhecidos


- Posso te oferecer um café?
- Sim, seria ótimo.
- Mais alguma coisa?
(uma dose de você por favor)
- Não, obrigada - Sorri cordialmente enquanto ele adentrava pela cozinha. De lá se ouvia barulho, mais que o necessário para uma mera xícara de café mas isso não me surpreendia, sempre fora desastrado. Olhava impaciente para a janela ao meu lado vendo os carros passarem sobre as poças de água que se formaram depois daquele temporal, nunca chovera assim naquela pequena e pacata cidade, as coisas não eram mais as mesmas há muito tempo...
- Aqui está - Voltou com uma pequena caneca fumegante de café, o cheiro acalmou um pouco as inquietações que pairavam sobre mim. Sentou-se a minha frente, encarando-me sem qualquer pudor, olhei para a bebida negra desejando poder mergulhar e perder-me naquele oceano escuro. Mantinha os olhos baixos temendo o que encontraria caso ousasse lenvantá-los, peguei a xícara e tomei o primeiro gole, o segundo, terceiro... e logo não havia mais nada, aquilo já estava se tornando uma tortura, porque mesmo fui até lá?
- Tenho que ir - Falei apressada levantando-me e recolhendo minha bolsa e casaco em cima do seu sofá velho. Ele não protestou, não questionou, apenas seguiu-me calmamente abrindo a porta - Foi bom te ver...
- Porque sempre insiste no adeus? - Perguntou-me assim, como quem pergunta que horas eram.
- Porque nunca me pediu para ficar.
- A porta sempre esteve aberta...
- Mas não o seu coração.
- Não vou te convencer a ficar não é mesmo?
- Não.
- Até a próxima xícara de café então?
- E que da próxima vez seja de preferência na cama, com uma rosa vermelha e um beijo de bom dia...

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