6 de setembro de 2011

doce Mel

 
   Bateu com força a porta deixando-me ali com a boca entreaberta e um protesto indignado preso em meus lábios pronto para sair. Garota teimosa! Encostei minha cabeça na mesma porta que acabara de se fechar, fechei os olhos e respirei fundo.
   - Anda Mel… deixe de besteira garota - falei voltando ao meu tom ao normal.
   - Vai embora! Não quero ver você! - Gritou de dentro do quarto com voz de menina de 10 anos fazendo birra.
   - Sabe que não vou. - falei sentando-me em frente à porta.
   Silêncio. E assim ficamos, nos “encarando” indiretamente, pois tinha a mais pura certeza de que ela estaria encostada na cabeceira da cama, abraçando os joelhos com com força olhando para a mesma porta com a convicção de que nunca mais a abriria para mim, ficamos assim até que o Sol quente de meio dia desaparecesse, as sombras se estendessem, a brisa fria do crepúsculo entrasse pela janela aberta da sala e por fim, que a fraca luz da lua minguante penetrasse o corredor escuro. Barulho. A porta fora destrancada, era a minha hora.
    Levantei-me soturno e a abri lentamente atravessando o nosso pequeno quarto indo de encontro a ela debruçada na janela olhando para um céu sem estrelas. Era como uma gata, a minha pequena, no mais literal dos sentidos, se aproximar dela não era coisa fácil, tinha que chegar de mansinho, na ponta dos pés e acariciar levemente revelando boas intenções. Debrucei-me ao seu lado na janela.
   - Sou uma boba não sou? - perguntou-me rindo melancólica.
   - Diria que és mais como essa Lua que estampa a negritude do céu, inconstante. Ah pequena, você não é fácil.
   - Então porque não desiste logo de mim? 
   - Mel, Mel… - falei tirando uma mecha de cabelo que caia em seu rosto - És mesmo uma boba, como ainda não entendeu? Você pode ir embora, bater o pé, resmungar, mas quando a noite chega você sempre voltará a ser minha, minha Lua, minha vida.

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