16 de agosto de 2010

longe da razão


     Grande parte do meu corpo era dominado pelo álcool, não sabia ao certo o que estava fazendo, nem que rumo estava seguindo. Dirigindo inconsequentemente  pelas ruas não conseguia organizar meus pensamentos, apenas pôr o pé no acelerador e esquecer de tudo e todos. Surpreendendo a mim mesma freei o carro enquanto passava pela ponte, ouvia as buzinas protestando atrás de mim mas pouco me importava com elas. Caminhei cambaleante até sentar-me na balaustrada, observando a cidade que me cercava, as pessoas levando sua vida, as luzes dos prédios que pareciam me hipnotizar. Queria gritar, e foi o que fiz, ali parada sozinha no meio da ponte, gritando para o nada , gritando para alguém que estava longe, distante demais para me ouvir, para se importar com o que eu fazia.
    Não era a raiva ou ódio que sentia que falavam por mim, era o amor, e isso me irritava profundamente. Quando conseguiria parar de amar a quem só me faz infeliz ? Mas tinha de confessar, eu gostava disso, de sofrer por alguém, fazia com que me sentisse viva, vivendo por alguém, para amar alguém. Meus gritos cessaram e tornaram-se em lágrimas que iam brotando dos meus olhos incessantemente. 
    As luzes das cidades voltaram a me hipnotizar e por ali continuei por horas, até minha mente ser um enorme vazio, até viajar para bem longe dali onde eu realmente queria estar.

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