8 de setembro de 2011

falsas verdades

 
   Era uma figura confusa e desconexa, nada naquela frágil garota parecia fazer sentido, cheia de opostos e contrariedades. A raiva em suas palavras iam contra a ternura de seus olhos, o cigarro que sempre pendia em sua boca não parecia combinar com lábios tão delicados como eram os dela. Suas roupas pretas, rasgadas, sujas e surradas soavam até mesmo de modo rídiculo àquela figura tão feminina. Se encobria numa armadura bronca e malfeita, escondia-se por detrás das palavras de ódio, maquiagem pesada, do efeito da vodka e enquanto isso mentia para todos, mentia para si mesma. Pobre garota, queria ser temida, ser falada pelos quatro cantos do mundo. Mas há quem diga tê-la visto, nas manhãs sonolentas e ensolaradas de domingo, encostada em sua janela, tomando uma xícara de café quente, brincando em suas cortinas florais esperando por alguma coisa, esperando por alguém. Pobre garota, só queria ser amada.

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