Era uma figura confusa e desconexa, nada naquela frágil garota parecia
fazer sentido, cheia de opostos e contrariedades. A raiva em suas
palavras iam contra a ternura de seus olhos, o cigarro que sempre pendia
em sua boca não parecia combinar com lábios tão delicados como eram os
dela. Suas roupas pretas, rasgadas, sujas e surradas soavam até mesmo de
modo rídiculo àquela figura tão feminina. Se encobria numa armadura
bronca e malfeita, escondia-se por detrás das palavras de ódio,
maquiagem pesada, do efeito da vodka e enquanto isso mentia para todos,
mentia para si mesma. Pobre garota, queria ser temida, ser falada pelos
quatro cantos do mundo. Mas há quem diga tê-la visto, nas manhãs
sonolentas e ensolaradas de domingo, encostada em sua janela, tomando
uma xícara de café quente, brincando em suas cortinas florais esperando
por alguma coisa, esperando por alguém. Pobre garota, só queria ser
amada.
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