14 de outubro de 2010

the end of the beginning

    
       Eu sentia raiva de mim por amar aquele que jurei a mim mesma repugnar pelo resto de nossas vidas. Mas eu não tinha escolha, meu coração não permitira. Eu o amava mais que tudo e ainda odiava o fato de ser algo recíproco. Tecnicamente, pertencíamos um ao outro, um encaixe perfeito de amor e ódio, tristezas e alegrias, tapas e beijos, seria ironico se não fosse tragico.  Ano e anos, odio e mais odio, raiva e rancor, nunca percebi o que estava sempre a minha frente escancarando-se, era patético de tão obivio. A partir do momento que a paz entre nossos corpos reinasse, o amor acabaria, era estranho pensar assim, mas era a dura verdade.
     - É o fim não é ? - ele sabia a resposta mas qualquer pequeno instante a mais juntos era válido.
     - Não queria que fosse - respondi  com a cabeça baixa sem coragem de encarar os olhos que provavelmente me fitavam profundamente, sabia que se o olhasse desistiria no mesmo instante, de tudo.
      - Não precisa ser - Algo me mandava correr e sair dali o mais rápido possível mas não tinha controle sobre meu corpo, ele sabia o que fazer, sabia o que dizer e quando o fizesse eu seria sua - Fica comigo, eu... te amo.
      - Não podemos mais, não quero deixar de te amar, não quero que o tempo estrague isso que existe aqui, seria cruel e ... - fui interrompida  pelos seus braços em volta dos meus meus, sua boca sobre a minha e o beijo urgente que se formou no instante seguinte. Eu sabia que era fraca o bastante pra ir embora, pra deixar aquele amor pra trás.
       - Não complique as coisas, eu te amo, você me ama. Foda-se o tempo, foda-se o amanhã, eu te quero hoje, é só disso que precisamos.
       Me entreguei aos seus braços pela última vez.
       Sim, eu partira. Por medo, covardia talvez, mas a ideia de um futuro me assustava, a ideia de uma chama que se apaga pra sempre. Não fomos feitos para um felizes para sempre, nem para gentilezas. Fogo, incerteza, desastabilidade, era isso que sustentava essa paixão, e agora, o que restara? Talvez uma fina faísca fraca dançante ao mais leve sopro mas que não tivesse um fim, talvez fosse só o começo, de algo que se chama amor.

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